Há forças capazes de travar esta ofensiva<br>e construir um Portugal com futuro

Paulo Raimundo (Membro da Comissão Política)

O que está neste momento em jogo para o capital e seus lacaios não é acabar com o défice, ou saber se voltamos ou não aos «mercados» em 2014, se pagamos ou a não a dívida, se vai ou não haver crescimento económico. Cada vez mais gente se apercebe de que os sacrifícios que lhe são exigidos não pagam dívida nenhuma, não criam riqueza, não reduzem o défice.

Valem, contam e somam todas as pequenas e grandes lutas

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O que está verdadeiramente em causa é saber se o capital, ao mesmo tempo que continua a acumular escandalosos lucros, aproveita a crise para ir onde ainda não conseguiu ir fruto da resistência e da luta dos trabalhadores. É saber se, a pretexto da crise, da utilização da mentira e da demagogia, permitimos que ataquem a dignidade de quem trabalha, que nos ponham os pés em cima e nos roubem direitos, para continuar a enterrar o fruto do nosso trabalho na banca e no grande capital. Que nos roubem salários e outras retribuições, ao mesmo tempo que o capital fica de fora de qualquer eventualidade de pagamento daquilo que é da sua única responsabilidade.

Em causa está saber se permitimos que destruam o aparelho produtivo e os serviços públicos, que se «dê» ao capital estrangeiro empresas públicas e instrumentos estratégicos da nossa independência económica. É saber se a pretexto do aumento da produtividade permitiremos trabalhar mais horas, mais dias, com menos direitos, sem receber mais nada por isso. Se a pretexto da crise e com o apoio de todos os instrumentos e meios de que o capital dispõe (e são muitos e poderosos) permitimos o prosseguimento de um caminho de alteração do regime democrático conquistado com o 25 de Abril.

O que está em causa é em que condições e correlação de forças sai desta batalha o trabalho face ao capital.

 

Processo longo e exigente

 

A situação é muito difícil. A pressão, a chantagem e a imposição do medo são fortes. Os apelos à resignação entram todos os dias pelos olhos adentro.

Mas se tudo isto é verdade, não o é menos que os trabalhadores, as populações e diversos sectores da sociedade têm dado uma resposta corajosa, determinada e combativa. Uma resposta diversificada nas pequenas e grandes lutas, em acções mais concretas e em momentos de convergência. O profundo sentimento de descontentamento, indignação e a combatividade demonstradas até agora revelam que o capital, a banca e os partidos ao seu serviço terão muito que suar.

Hoje mesmo inicia-se a semana de luta da CGTP-IN, marcada por protestos, iniciativas, mobilizações e outras acções. Uma jornada que contribuirá para que mais trabalhadores se envolvam neste processo exigente de resposta e luta, que terá momentos altos de convergência – como a Greve Geral convocada para o dia 24 de Novembro – que não são um fim em si mesmo, antes fazem parte de um processo longo e exigente que tem que continuar, multiplicar-se e intensificar-se.

Neste quadro, valem, contam e somam todas as «pequenas» e as «grandes» lutas travadas em cada terra, freguesia ou localidade. Mas, acima de tudo, assume importância estratégica cada acção, iniciativa, protesto e luta em cada sector, empresa e local de trabalho.

A derrota do pacto de agressão – um imperativo nacional – trava-se simultaneamente na luta contra cada uma das medidas e consequências em concreto e nos momentos de convergência dessa mesma luta.

 

Potencialidades imensas

 

Grandes perigos convivem com enormes potencialidades. O grau da ofensiva é avassalador mas existem nos trabalhadores, nas populações, na juventude e nos mais diversos sectores as forças necessárias para travar esta ofensiva, salvar e levantar este País que está longe de estar condenado. É possível derrotar o pacto de agressão; é urgente e necessária uma ruptura com este caminho de destruição.

O PCP confia nesta enorme força de resistência e continuará a empenhar-se todos os dias e em todos os locais para a mobilização para a luta e para que se abram caminhos para que esta mesma luta imponha a ruptura necessária e construa uma política patriótica e de esquerda. Patriótica porque coloca no centro a defesa da produção e dos interesses nacionais em contraposição com a subserviência aos interesses do capital estrangeiro; de esquerda porque está ao serviço dos trabalhadores e das populações, seus direitos e anseios, e não se ajoelha aos ditames da banca e dos grupos económicos.

Uma alternativa e uma política para a qual se exigirão sacrifícios, confiança e coragem: sacrifícios à banca, ao capital financeiro e aos grandes grupos económicos; confiança e coragem aos trabalhadores e ao povo para concretizarem e defenderem essa política ao seu serviço.

Esta política, este novo rumo, está ao nosso alcance. Os trabalhadores e as populações sabem que contam com o PCP, o partido da resistência e simultaneamente da confiança na luta e nos seus resultados. Reforçar o PCP é reforçar esta capacidade de luta e de esperança no futuro.



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